Trabalhadores dos Correios preparam greve para o dia
11.
Os trabalhadores de Correios preparam uma forte
mobilização para esse mês. É a resposta da categoria aos ataques que vem
sofrendo no último período. O governo Dilma junto com a direção da ECT vem impondo
uma super-exploração aos trabalhadores de Correios. No último período a empresa
vem batendo lucros recordes, enquanto o salário da categoria e a PLR são uma
migalha, perto do lucro da empresa. O salário inicial do trabalhador de Correios
é de R$ 1050,00.
Os trabalhadores da ECT "nunca antes na história desse país foram tão explorados". A
falta de funcionários, que muitas vezes são obrigados a fazer serviço de dois
ou três (conhecido na categoria por "dobra") virou regra. Com a
super-exploração, os trabalhadores da categoria vêm adoecendo em massa, adquirindo
lesões físicas e psicológicas. Muitos têm lesões irreversíveis e se obrigam a
reabilitação profissional.
A falta de funcionários, além de sobrecarregar os
trabalhadores, acaba impactando diretamente na queda da qualidade de serviço
prestado a população, em especial nas periferias. O resultado disso é que
muitas vezes a população de uma determinada região se volta contra os
trabalhadores de Correios, os responsabilizado pelo atraso das correspondências.
Por isso, uma das reivindicações dos trabalhadores é concurso público já, para suprir todas as vagas em aberto.
O governo Dilma vem sucateando os Correios, com objetivo
de jogar a população contra os trabalhadores, e assim preparando o terreno para
privatização da ECT. O governo do PT vem fazendo coisas que nem o de FHC
conseguiu fazer. Recentemente lançou um projeto chamado Plano Estratégico Correios 2020 que prepara a privatização da ECT,
passo a passo, transformando a empresa numa Sociedade por Ações (S/A) e
avançando na terceirização dos serviços mais elementares e também na atividade
fim.
Por isso, a categoria de Correios inicia fortes mobilizações
em todo país para construir uma grande campanha salarial. Assim como a
juventude saiu às ruas e disse "não é apenas por 20 centavos", os
trabalhadores da ECT se preparam para sua Campanha Salarial com mesmo o
sentimento: "Não é apenas por salário", mas sim uma resposta à
direção da ECT e ao governo Dilma, depois de seus duros ataques.
É preciso
barrar a Postal Saúde.
Em nossa opinião, o maior ataque que a categoria pode
sofrer nesse período é a privatização do benefício de Assistência Médica,
Hospitalar e Odontológica. Paradoxalmente, a ECT é uma das empresas onde mais
adoecem os trabalhadores e agora quer atacar esse direito da categoria.
Recentemente a empresa fundou uma Operadora
de Planos de Saúde, mais conhecida como Postal Saúde. Hoje, os trabalhadores da ECT têm o plano CorreiosSaúde,
que é o que atende os trabalhadores e seus dependentes, sem cobrança de mensalidades. O trabalhador paga de forma
compartilhada, um percentual sobre o custo do procedimento, somente quando o
usa. Nos novos planos estarão previstas cobranças de mensalidades, não inclusão
de parte dos dependentes e as parcerias publico-privadas (PPP). É a
privatização pelas beiradas, assim como vem ocorrendo em outras áreas da
empresa.
Por isso, é necessário barrar a Postal Saúde que
representa um duro ataque a um direito histórico. A luta contra esses novos
planos, na essência significa a luta contra a privatização da ECT, que vem sendo
feita aos pedaços pelos gestores vindos do PT.
É inadmissível que o governo Dilma venha entregar parte
do patrimônio dos trabalhadores ecetistas aos tubarões dos planos de saúde, que
enriquecem à custa de serviços de péssima qualidade.
Por que
entraremos de greve no dia 11.
Existe um importante debate na categoria acerca de que
dia será declarada a greve nacional por tempo indeterminado. Hoje existem duas
federações que travam uma luta burocrática por aparato e deixam os
trabalhadores em segundo plano. Uma é a Fentect (CUT) e a outra é a Findect (CTB),
ambas são governistas, não mobilizam a categoria e se encontram numa guerra
para ver que tem mais legitimidade. O resultado disso é que iniciamos a
campanha salarial com pautas, comando de negociações e calendário de lutas diferentes.
Os militantes do PSTU
nos Correios atuam na Frente Nacional de Trabalhadores dos Correios (FNTC)
e na CSP-Conlutas, junto com os militantes de outras organizações e sempre
defendendo o calendário, pautas e comando único. Pois, apesar das diferenças, é
preciso unificar a categoria para barrar
os ataques que os trabalhadores vêm sofrendo. Porém, estamos às vésperas do
início da deflagração de greve com duas datas diferentes de paralisação: dia 11
e 17 de setembro. Nesse sentido é necessário tomar uma decisão e hoje não é
possível tomar a decisão pelo critério de qual federação é mais de luta.
Ambas as federações não constroem a luta dos
trabalhadores. As duas são governistas e pelegas. A Fentect "sob nova direção" continua sendo um
"cadáver mal cheiroso", a qual nesse ano não organizou nenhuma luta
concreta pela PLR ou contra a Postal Saúde. E a Findect que era para ser
"algo novo" é tão ou mais burocrática quanto a Fentect.
Por isso, defendemos dois critérios básicos para entrar
em greve no dia 11. O primeiro critério tem a ver com a entrada em greve junto
com os sindicatos que concentram o maior volume de fluxo postal (SP e RJ). E o
segundo critério é que a categoria não aguenta mais trabalhar sob essas
condições de trabalho. E é necessário dar uma resposta imediata aos ataques que
a categoria vem sofrendo e principalmente a essa proposta econômica ridícula (5,27%)
que a direção da empresa e o governo apresentaram.
Originalmente defendíamos a proposta de entrar em greve
já em agosto, para colarmos a campanha salarial junto com as greves nacionais e
a jornada de lutas e grandes mobilizações de Junho e Julho. Por isso, entraremos em greve dia 11 e fazemos um
chamado aos demais trabalhadores de todo país para que exija das direções
sindicais a antecipação da greve de
forma unificada em nível nacional.
Sob o critério da unidade
de ação, é preciso construir a unidade nacional para conseguir um reajuste
decente, que avancemos nos benefícios e em melhores condições de trabalho.
Também defendemos que todos os sindicatos devem fazer uma luta verdadeira para
barrarmos a Postal Saúde e que avancemos para reverter o processo de
privatização que a ECT vem sofrendo.
Com a unidade
nacional é possível avançar e vencer! E em nossa opinião as palavras do
compositor Geraldo Vandré nunca foram tão atuais: "Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer".
Coordenação
Nacional do PSTU nos Correios