O PSTU é contra qualquer tipo de repressão aos protestos contra o
aumento
Nesse final de semana, algumas matérias e notas divulgadas
principalmente por setores da imprensa provocaram certa confusão entre as
pessoas e simpatizantes do movimento contra o aumento das passagens, e aos
leitores em geral. Diziam, ou deixavam a entender, que a direção do movimento
atuaria para coibir o que a imprensa vem chamando de "atos de
vandalismo", chegando até mesmo a denunciá-los à polícia. Para isso,
distorceram ou deturparam falas de dirigentes dos setores que estão envolvidos
na organização dos atos.
Nós do PSTU temos o dever de esclarecer o seguinte: somos
terminantemente contra qualquer tipo de colaboração e delação à polícia dentro
do movimento. Para nós, é uma questão de princípio a defesa de todos os setores
do movimento, inclusive daqueles com os quais não temos acordo político. Todos
os setores do movimento devem ter a segurança de que contarão com a
solidariedade dos outros na luta contra a repressão. Estaremos sempre na
primeira linha de defesa de ativistas do movimento se forem presos, tenham ou
não acordo conosco.
Para nós esse também é um problema moral, e não só político. Uma postura
errada nesse tema enfraqueceria o movimento de massas e destruiria sua moral.
Todos sabem que não temos nenhum acordo com quem parte para atitudes
isoladas que sempre se voltam contra o movimento e o enfraquece. Mais ainda,
achamos que esse tipo de atitude ajuda a quem quer acabar com a mobilização,
como os governos Alckmin e Haddad. Dão pretexto para a polícia reprimir a todos
e ajudam a jogar a população contra os protestos.
No entanto, nada, absolutamente nada, justifica ou legitima a ação
repressiva da polícia contra todo o movimento. É uma falácia o argumento de que
a polícia reprime para evitar "vandalismo". Vandalismo maior é o que
as empresas de ônibus e o governo fazem diariamente com a população, ao
submetê-la a condições subumanas no transporte público e agora ainda aumentar o
valor da tarifa. Essa é a maior violência.
Os protestos em São Paulo estão irradiando para todo o país e estão
canalizando não só a justa indignação contra o aumento das tarifas, mas também
contra a injustiça social e o absurdo que são os bilhões gastos nas obras da
Copa enquanto a maioria do povo sofre com saúde e educação precárias. Na
capital paulista, os sindicatos e movimentos sociais estão se incorporando com
maior peso aos atos, fortalecendo esse grande movimento que a repressão não
está sendo capaz de derrotar.
José Maria de Almeida
- Presidente Nacional do PSTU